Tempo acelerado e ansiedade
- jardimgrazielle
- 25 de mai. de 2021
- 2 min de leitura

Desde as civilizações mais primitivas já tentávamos controlar o tempo ao nosso favor, identificávamos as mudanças das estações, a melhor época para plantio, colheita, caça. No mercantilismo o tempo passou a ser barganhado — troca-se trabalho por mercadoria, até que se monetiza com o advento do capitalismo. O tempo então torna-se ainda mais complexo de se mensurar, agora não mais as estações demarcam a passagem do tempo, mas cada segundo importa, até chegarmos aos dias atuais, com o desenvolvimento das tecnologias da comunicação em um tempo veloz que como diria Lulu Santo "escorre pelas mãos”. “Tempo é dinheiro” diz o ditado popular. Em tempos modernos de Charles Chaplin fica clara a crítica sobre o uso produtivo do nosso tempo. Nós nos responsabilizamos pelo uso deste tempo na lógica da produtividade, e assim, perdidos em atender a demanda do tempo do Outro, que exige e impõe. A urgência das contingências de cada dia coloca-se incessante.
A ansiedade se manifesta no corpo como mecanismos arcaicos de fuga que nossa memória genética carrega, foi desta forma que conseguimos sobreviver até hoje. Esta capacidade de reconhecer o perigo e mudar nossas reações fisiológicas diante da situação de iminente risco permanece fundamental para a sobrevivência da nossa espécie. Entretanto, os significados de situação de risco que nos sobressalta atualmente são muito diferentes daquelas de nossos ancestrais na época das cavernas. Se antes poderiam ter maior relação a ideia de vida/morte e perda da integridade física, o risco iminente que nós nos voltamos hoje está mais disperso em medos de perdermos algo que muitas vezes não nos damos conta. A integridade física deu lugar ao medo da “integridade social”, ou seja, medo de perder um lugar nesta lógica de mercado. Atender as demandas colocadas a nós pode se tornar um hiperativo para manter a nossa própria imagem ao olhar do outro e não darmos conta das nossas próprias demandas, do nosso próprio desejo. Assim perder-se na angústia de dias cheios de tarefas, mas de pouco significado.



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